quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O mistério do que está por baixo…


Aqui está muito frio é certo e sabido, aqui neva, O.K. também se sabe, aqui as miúdas usam mini-saias descaradas e os rapazes andam leves que nem penas de camisinhas finas, hummm!!!!!
Para ir á rua mando para cima de 3 camisolas finas, uma grossa, um bom casaco, meias de lã, botas com pele e gorro, luvas e muito creme para a pele não estalar… sou tipo o boneco da Michelin com camadinhas quentes… claro que me sinto um bocadinho indisposta quando por mim (bola de roupa redondinha) passam as miúdas airosas, com ar leve usando uma roupinha fashion!!!! Mas esta gente é parente das focas ou quê???? Penso eu enquanto sinto o nariz congelar … ( a partir desta fase acrescentem fanhosa á lista por favor)
No outro dia, para sair um pouco há noite, decidi fazer uma produção para me sentir mais integrada (é chato quando no bar és a única vestida de Dezembro e todo os outros se vestem de Agosto, férias no Algarve – incluindo a pele morena… juro…), vai daí vesti uma saia curta, mascarei-me com produtos coloridos (em mim a base dá-me sempre a sensação de estar no carnaval) e vesti pouca roupa por baixo do meu casaco…. O resultado é claro foi tiritar a noite toda e ficar doente na caminha nos dias seguintes…
Desde então resolvi investigar o que raio se passa aqui… e lá vou eu todo o santo dia calcorrear as lojas todas da cidade em busca de qualquer produto misterioso que tira o frio (e pelos vistos a gordura, porque aqui ninguém tem peso a mais… raios) e meus amigos…. Tcharam…. Encontrei… pois é afinal o segredo é o que está por baixo: camisolas muito, muito finas térmicas ( que juro fariam os pólos derreter) e atenção… cuecas com pernas até aos pés (no Alentejo são chamadas de ceroulas) em estilo meias muito finas e altamente térmicas que as miúdas usam como segunda pele… há de todas as cores, inclusive cor de pele para usar por baixo da bela leggings ou meia colorida! Bom agora que sei o que realmente se passa tenho cá para mim que esta gente é gira e tal quando está vestida, mas honestamente… quando se despem não deve ser assim tão sexy… imaginem a cena: miúda com cueca até aos pés e base morena na carita olha de forma quente para o miúdo das ceroulas cor cinza!!!! Hummmmmm
Olhem bem para a foto da cueca e digam lá se não tenho razão...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Informação sem implantes


O jornal Suíço Blick teve uma brilhante ideia para combater a crise (que pelos vistos também há por cá, ou então entrou na moda e todos os países a querem… cábulas…), apesar de ser um dos jornais de maior circulação por cá, andava com vendas insatisfatórias… pudera num país praticamente sem crime, sem escândalos políticos e sem engarrafamentos para o Algarve não há assim muito que contar (olha acabei de descobrir a razão da crise … hé,hé,hé…) vai daí decide aumentar a tiragem com a velhinha estratégia das miúdas giras sem roupinha!
A ideia revelou-se um mega sucesso e o Blick todo o santo dia apresenta uma senhora na capa com os talentos de fora! Até aqui nada de novo… bom acontece que as ditas senhoras são voluntárias, recebem apenas uns trocadinhos (tipo gorjeta para o chocolate quente) e são normalíssimas donas de casa, estudantes ou empregadas dos dois supermercados que existem (sim, só existem 2 mas isso fica para outro dia…).
No passado dia 11 o jornal premiou a mais popular… vejam isto: 38 aninhos, casada com um filhote e cabeleireira de profissão! Ganhou um carrão desportivo (um Mazda MX-5 descapotável) e uma viagem pela Europa… sem falar no orgulho do marido!
Agora se me permitem o desabafo… para quem como eu não sabe ler alemão e nos jornais só passeia os olhos pelas imagens, estou com sérias dificuldades em perceber a razão de um país tão sem preconceitos não colocar uns talentos masculinos na capa… assim de vez em quando… só para manter o pessoal informado… hé,hé,hé!




E agora uma coisinha totalmente diferente: a neve já está a chegar!!!! yupiiiiii

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Introdução ao Alemão


As minhas lições de Alemão são uma fonte inesgotável de alegria cá em casa… não para mim mas para o João. Eu explico: estou com o João num curso intensivo de introdução ao Alemão (e não Alemão… i-n-t-r-o-d-u-ç-ã-o… pois obviamente não sabemos o suficiente para aprender a língua e temos que começar por introduzir…), a turma é pequena com nativos de todas as línguas ( Sérvio, Russo, Sueco, Inglês, Espanhol, Hindu e Português) e ninguém que fale minimamente Alemão… com excepção da professora que é só o que fala! Nas primeiras lições aprendemos que não adianta esbugalhar os olhos para perceber melhor (não resulta), repetir tudo o que a professora diz não nos faz melhorar o sotaque e o dicionário é mais difícil de consultar do que nos lembrávamos! Umas aulas depois as coisas já não são bem assim… apesar do meu esbugalhar de olhos continuar estou sentada ao lado do João que repete montes de vezes “hã hã!!!!!”, o que nos leva ao divertimento e alegria cá de casa: O menino percebe tudinho e nunca, nunca mais se esquece, para se divertir (ou para “me dar uma ajudinha” como ele insiste em dizer) passa o resto da semana a fazer-me perguntas do género: “Lembras-te como se diz onde, quando e como?”, ou melhor ainda “Guten tag,Wie geht’s? Ich haben ein fragen, lernst du die Zahlen?”, que é como quem diz toca a dizer os números de 0 a 100 e depressinha!!!
Infelizmente a única coisa que consigo dizer com um sotaque perceptível e sem erros é a frase “Não sou um homem sou uma mulher”, e então esta é sempre a minha resposta! Queres saber como se diz 28? Não sou um homem, toma! Queres saber como se diz 77? Sou uma mulher, pimba! Resta-me apenas meter a minha frase de forma inteligente numa qualquer conversa de rua e irei fazer um brilharete!!! “Ich bin keine man, ich bin eine frau!” tenho dito.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Vai um chapéu?


Pode parecer fútil, mas ultimamente aquilo que mais tempo me absorve é a tentativa de compreender o meu cabelo. Tenho longos anos de prática nesta matéria, e quase sempre consegui perceber o que estava a acontecer (demasiado liso, demasiado longo, demasiado curto…), enfim anos de estudo por água abaixo. Desde que aqui estou que nada é como dantes – continuo a escrever sobre cabelos, pois sim… - primeiro decidi sozinha em casa dar um “jeitinho” nas pontas, e de tesoura na mão achei que uma franja me ficava muito bem e pumba cortei, cortei… depois cortei mais um bocadinho só para “acertar” e pronto… resultado final: uma franja curtíssima, que de tão curta espeta na vertical ( mesmo em pé).
Agora é promover o uso do gancho como acessório de moda!
Também descobri porque razão as cabeleireiras cortam o cabelo depois de molhado… ufff
Não satisfeita com o look decidi que talvez não fosse má ideia pintar o cabelo de um tom mais escuro (nas Japonesas resulta, certo?) e fui comprar tinta… bom o problema é que não sei o nome das cores em alemão e aquilo que me parecia castanho violino ou no pior dos casos ameixa, resultou num preto azulado do pior!
Agora para além de uma franja espetada tenho uma cabeleira negrinha e claro restos de cor azul na cabeça (que não sai por nada, e ando há 3 dias a tomar banho de meia em meia hora e a esfregar-me que nem uma louca).
Pelo menos garanto-vos que não passo despercebida em lado nenhum, e dou graças pela invenção do chapéu… uiiiiiiiii

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Cabeça de boneca/princesa/?...


O tempo passa muito mais depressa se a mão se manter ocupada, sim porque isso de ocupar a cabeça não me convence, na verdade a minha parece sempre borbulhar de ideias… e mesmo assim o tempo arrasta-se devagarinho e paradinho . Bom, para me ocupar decidi dar que fazer às mãos, já que aqui não se pode comer (ainda estou na angustia do verde a mais), pode-se então desenhar, ou rabiscar ou esborratar ou o que quer que seja que se pode chamar ao que ando a fazer no meu caderno de apontamentos. O resultado é sem dúvida um enorme calo no dedo de tanto pintar e um correr de tempo mais veloz do que aquele que me embalava até aqui! Faço magia com os meus lápis, assim de repente ( e atenção sem talento só jeitinho) consigo desligar de tudo e desenhar o que me apetece: com o meu traço tudo se transforma em princesas, capuchinhos vermelhos e mundos de brincar. Olha esta, vim para tão longe só para descobrir que a minha cabeça continua no mesmo sítio: exactamente por baixo da coroa da princesa cor de rosa!!!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Salada verde, ou, a arte de não comer, ou, quero bacalhau e pronto....



Descobri que aqui o que se come de melhor são as saladas… nada de perguntar então e o chocolate? Então e o queijo?... aqui os meus quilinhos a mais estão de repouso e são alimentados a saladinha. O problema é a saladinha em si, não como prato mas como mistura de cores. Eu explico: eu sou daquelas pessoas que adora comer, sou um bom garfo (ou segundo a minha mãe uma bela garfa), como com prazer e sinto mesmo muito prazer em pratinhos simples como feijoada, grão com bacalhau, caldeirada … e todas as “adas” gastronómicas e bem temperadas. A saladinha também vai, mas para me sentir satisfeita deito abaixo uma salada tamanho XXL, com mistura de muitas cores (alface verde, alface roxa, tomate vermelho, pimentos de 3 cores, queijo branco… enfim arco íris comestível), de preferência acompanhada ainda com massinha, ou salmão, ou atum… enfim com qualquer coisa muito pouco vegetal. Ora eis que aqui as saladinhas são de uma cor só: verde. Em vez da cebola às tirinhas aqui vendem funcho (sim funcho, aquela erva onde os caracóis repousam na beira das estradas do Alentejo) que também é verde, juntam pepino verdíssimo e pimentão verde…
O.K. eu não quero ser má… mas que raio de obsessão é esta com o verde?
Estou verde de fome!
(Caso estejam curiosos perdi peso sim senhor, mas, não sei quanto porque as balanças aqui são complicadíssimas e têm instruções em Alemão. Digamos que perdi dois furos do cinto! Pronto)

domingo, 19 de setembro de 2010

Vida em Aras


Aqui num lugar novo, inesperado para uma Alentejana habituada às calmas paisagens planas, ao calor que cerca o corpo, às cigarras que anunciam um novo dia de verão, ao sussurro das folhas dos sobreiros nos fins de tarde cor da terra, entre o dourado e o avermelhado do entardecer... chegar assim sem rumo a uma terra que não se estende, não respira quietude e não se deixa sentir liberta pelo horizonte... posa-se um sorriso para a fotografia enquanto se pensa que este verde todo só pode fazer mal à alma!
E agora?